Home Calabresi nel mondo Brasile Lucia Sonaglio

Lucia Sonaglio

2626
0
Lucia Sonaglio:

Lucia Sonaglio: “La mia Calabria …dal Brasile”

MINHA HISTORIA ITALIANA

Pode ser que a minha história seja um pouco diferente de todas aquelas contadas aqui.
Inicialmente, minha origem biológica não é calabresa, mas sim, bergamasca e bresciana.
Não sei de onde nem por quê, um belo dia, me deu uma vontade maluca de estudar italiano.
Tinha já 56 anos.
Algo que estava escondido dentro de mim resolveu gritar: minhas origens, o meu sangue italiano que dormia por todo este tempo.
Talvez por ter obtido já, na época, minha cidadania italiana, possível graças ao empenho de meu abençoado primo Marcos, que havia feito, há alguns anos, a parte mais difícil de um processo de cidadania. Baseado no seu processo foi muito mais fácil conseguir os documentos de meus pais, dos meus filhos e agora dos meus netos.
Bem, voltando ao estudo do italiano. Comprei alguns livros, gramática e dicionário e me muni de muita boa vontade. Já tinha aprendido inglês sozinha havia pouco tempo, morando nos Estados Unidos, uma outra língua seria mais fácil ainda.
Admirava-me pela maneira fácil como aprendia. Parecia que tudo estava já dentro da minha cabeça esperando o momento oportuno para manifestar-se. Dei-me conta, então, que a razão dessa rapidez no aprendizado devia-se ao dialeto trentino (talian) que se falava na casa dos meus avós com os quais cresci.
Depois de alguns meses de estudos decidi gastar minhas economias indo para a Itália. Escolhi Roma por me parecer o lugar mais adequado para conseguir um trabalho que me mantivesse por lá um tempo, o mais longo possível, e também porque tinha um amigo italiano que morava lá e tinha vivido no Brasil.
Mas a minha verdadeira historia italiana começa depois do meu desembarque em Roma, em abril de 2006.
Quando comecei a frequentar os lugares e a trabalhar parecia-me que já tinha vivido aí. Tudo me era familiar: a língua, a comida, a maneira como as pessoas falavam e comportavam- se, as pequenas injúrias e as frases de todo dia. Comecei a me sentir como se eu estivesse voltando para casa.
Sentia a presença de minha avó paterna, com a qual fui criada, parecia que ela estava ali ao meu lado. O mais incrível era que todas aquelas coisas tinham feito parte de nosso quotidiano: a comida, a maneira das pessoas falarem e de se comportarem. Enfim, o modo italiano de conduzir e fazer as coisas. Comecei a sentir uma emoção muito grande que muitas vezes me fez chorar.
Tenho certeza que ela gostou muito da idéia de eu ter ido para lá. Penso que ela gostaria de ter feito isto.
Doravante me enamorei da Itália como se tivesse descoberto meu grande amor.
Devo salientar que na nossa casa, só eu falava português, pelo que me lembro, meus avós falavam apenas o dialeto (talian).
Permaneci seis meses em Roma trabalhando e passeando e depois fui para a Sardenha, Caliari e lendo Grazia Deledda encantei-me pela historia de tenacidade do povo antigo da ilha, das paisagens encantadoras e das pessoas maravilhosas. Identifiquei-me com eles pela tenacidade com que essas pessoas antigas tinham transformado montes íngremes, pedras e areia em cidades maravilhosas, ricas e acolhedoras, que são visitadas por milhares de turistas ao ano.
Antes de voltar para o Brasil passei mais um tempo viajando, conhecendo a Costa Amalfitana, Napoli, Sorrento e outras.
Vocês devem estar se perguntando: ”mas de onde vem a sua história calabresa?”
Não tinha conhecido ainda a Calabria, Reggio, sobretudo.
De volta ao Brasil, em janeiro de 2007, conheci uma calabresa de Lamezia Terme, que mora no Brasil há mais ou menos 12 anos, comecei fazer conversação com ela para manter-me atualizada e também aprender mais a língua.
E foi por sugestão dela que fui parar na Calabria, Reggio, em 2009, para fazer um curso para formação de professores de Italiano na Universidade Dante Alighieri. Fiquei ali por um ano.
Recebi meu diploma no dia 26 de junho. Em julho fiz uma tradução de 760 páginas do italiano para o português e depois elaborei e apresentei um documentário sobre o Brasil.
Aproveitei dezembro para conhecer outras cidades, como Firenze, Pompei, Salerno, junto com minha família que tinha chegado.
Reggio Calabria,
Quantos amigos queridos fiz aí.!!!…quantas coisas maravilhosas vivi aí…quantas conquistas realizei aí!
Quantos agradecimentos à minha querida Universidade Dante Alighieri e seus professores. Aos meus queridos amigos Rosa e Nino junto aos quais elaborei um documentário sobre o Brasil, horas intermináveis de discussão e construção do italiano que me enriqueceram de maneira especial e os enriqueceram com conhecimento de nossas diversas realidades, boas e não tão boas.
Meu amigo especial Cristiano que foi de importância fundamental para elaboração do documentário.
Minhas amigas para sempre Suor Ires e Suor Assunta que me acolheram em sua casa; Felice e Ecio sempre disponíveis para me auxiliar com trabalhos no computador. Meus doces amigos Giuseppe e Bruno.
Mas para não tornar esta lista de nomes calabreses os quais fizeram minha permanência ali ser saudosa para sempre, paro por aqui com muita, mas muita saudade
Devo dizer aqui que em breve começarei a tradução do livro do meu querido professor e amigo Francesco Idotta: ” Luogo dei Luoghi”.
Tinha em frente a mim, quando abria a janela, o Etna e o mar durante o dia, e à noite tinha a lua que vinha bisbilhotar minha intimidade. Tinha também um pôr-do-sol esplêndido quando o dia cedia lentamente lugar à noite e ao brilho das estrelas.
Tinha Messina corajosa, que se reconstruiu a duras penas depois de tantos tremores que a reduziram a nada, como o último terremoto de 1908 e que às vezes se escondia temerosa por trás da densa neblina e que parecia suspensa como quando ocorre o fenômeno chamado Fada Morgana.
Tanta saudade me chama para retornar dentro em breve.
Devo falar um pouco da Sicilia, de Palermo. Povo especial, gente sempre disposta a bater um bom papo e explicar detalhadamente o que você pergunta.
Agrigento e a sua magnificência grega, terra de Pirandello, cuja casa ainda está lá esperando ser visitada. Taormina, puro sonho e encanto. Cefalù!!!!!
O encanto das plantações de laranjeiras que fazem da Sicilia um grande tapete amarelo perfumado do mais doce dos perfumes. A nostalgia que nos passam as casas abandonadas há muito por causa da pobreza, da falta de perspectiva e do descaso político.
Porém da próxima vez devo conhecer a terra de meus antepassados.Terra que deixaram, nos idos 1875, junto com milhares de outros, meus bisavós Alexandre e Lucia e aqui enfrentaram a saudade, o trabalho duro, a solidão, a selva, as doenças e todas as privações que podemos imaginar para aquela época no bom e velho Rio Grande do Sul. Mais especificamente Linha 11, hoje Serafina Correia.
Na minha próxima volta à Itália irei a Bergamo e Brescia para certificar-me das minhas origens. Não as biológicas, estas eu já as conheço. Mas aquelas certezas que vêm do coração e são ditadas por um não sei o quê inenarrável. Só assim terei a certeza cósmica de meu verdadeiro sangue: aquela que transcende a certeza biológica e contradiz a lógica: o amor e a acolhida incondicional do “meu diferente”.
Reggio Calabria certamente retornarei para revê-la. Para sentar-me em frente ao teu mar e olhar o sol se escondendo por de trás do Etna, num dia de verão.
Espere-me!!!!!!

 

LA MIA STORIA ITALIANA

Può darsi che la mia storia sia un pó diversa da tutte quelle raccontate fin qui.
Per cominciare, la mia origine biológica non è calabrese, ma bergamasca da parte di nonno paterno e bresciana dalla parte di mia nonna.
Non so perché, un bel giorno sono stata colpita da una voglia immensa di cominciare a studiare italiano. Avevo già 56 anni.
Qualcosa nascosta dentro di me ha deciso di gridare: le mie origini, il mio sangue italiano dormiente per tutto questo tempo..
Forse per avere già, a quell’epoca, ottenuta la cittadinanza italiana, grazie al mio benedetto cugino , Marcos Sonaglio, che aveva fatto la parte più difficile del procedimento. Basandomi sul suo processo è stato più facile ottenere la mia cittadinanza.
Bene, adesso ritorniamo allo studio dell’italiano. Ho comprato alcuni libri, un dizionario, una grammatica, alcuni quaderni e mi sono munita di molta buona volontà. Siccome avevo già imparato l’ inglese da poco, abitando negli Stati Uniti, credevo che mi sarebbe stato ancora più facile imparare un’altra lingua.
Mi spaventavo del modo veloce come imparavo. Sembrava che tutto fosse già dentro la mia testa , che aspettasse solo l’ opportunità per venire fuori. Mi sono accorta allora che la ragione di questo apprendimento così veloce era dovuta al dialetto trentino che si parlava a casa dei nonni con cui sono cresciuta.
Dopo alcuni mesi di studio ho deciso di spendere i miei risparmi partendo per l’Italia. Ho scelto Roma perché mi pareva essere il posto più facile per trovare un lavoro che mi mantenesse lì per un período più lungo possibile e anche perché avevo lì un amico italiano che era vissuto in Brasile.
Però la mia vera storia italiana è cominciata dopo il mio sbarco a Roma, ad aprile del 2006.
Quando ho cominciato a frequentare i luoghi e a lavorare tutto mi sembrava famigliare, come se avessi già vissuto tutto quello che stavo vivendo : la lingua, il cibo, il modo come le persone parlavano e si comportavano, le piccole ingiurie e le frasi di tutti i giorni tra amici e famigliari. Mi sentivo come se stessi ritornando a casa dopo tanti anni dal momento che avevo lasciato la casa dei nonni per fare la mia vita.
Sentivo la presenza di mia nonna paterna, da cui sono stata cresciuta; sembrava che lei fosse lì accanto a me. Il più incredibile é che tutte le cose hanno fatto parte della nostra vita come contadini. Insomma, il modo italiano di condurre le cose era nel mio sangue. Sentivo una emozione così forte che molte volte mi faceva piangere.
Ho assoluta certezza che mia nonna ha approvato la mia decisione di andare in Italia. Penso che le sarebbe piaciuta andarci pure lei.
D’allora in poi mi sono innamorata dell’Italia come se avessi scoperto il mio grande amore. Questa passione rimane fin’oggi.
Devo sottolineare qui che a casa nostra solo io parlavo portoghese; da quello che mi ricordo, i miei nonni parlavano il dialetto (talian).
Ho vissuto sei mesi a Roma lavorando e passeggiando e dopo sono partita per la Sardegna; a Cagliari, leggendo Grazia Deledda, mi hanno incantata le storie di tenacia del popolo antico dell’Isola, dei paesaggi magnifichi e di quelle persone meravigliose. Mi sono identificata con loro per questa tenacia con la quale hanno trasformato monti aspri, sassi e sabbia in città grandiose, ricche e accoglienti, visitate da migliaia di turisti all’anno.
Prima di ritornare in Brasile ho trascorso un bel periodo viaggiando, visitando la Costiera Amalfitana, Napoli, Sorrento.
Voi vi state chiedendo: “da dove viene la sua storia calabrese?”
Non avevo ancora conosciuto la Calabria, Reggio soprattutto.
Ritornando in Brasile, nel gennaio 2007, ho conosciuto una calabrese di Lamezia Terme, che abita qui già da 12 anni più o meno, parla benissimo il portoghese e con lei ho cominciato fare conversazione di italiano per mantenermi aggiornata ed espandere la conoscenza. Ed è stata per suggestione sua che sono andata a Reggio, nel 2009, per fare il corso di formazione docenti all’ Università per Stranieri “Dante Alighieri”. Sono rimasta lì per un anno.
Mi sono laureata con lode il 26 giugno. A luglio ho lavorato su una traduzione di 720 pagine dall’ italiano al portoghese e dopo ho preparato e presentato un documentario sul Brasile.
Ho approfittato il periodo di dicembre per conoscere altre città, tra cui Firenze,Salerno, Pompei insieme ai miei che sono venuti lì.
Quanti cari amici ho fatto a Reggio!!!!!!!! Quante cose meravigliose ho vissuto lì….quante conquiste sono state raggiunte lì…..
Quanto ringrazio la mia cara Università Dante Alighieri e i suoi cari professori, di cui ho “saudades” profonde. AI miei carissimi amici Rosa e Nino con cui ho elaborato il mio documentario sul Brasile. Ore interminabili di lavoro e ricerche, di discussioni e costruzione dell’italiano, che ci hanno fatto arricchire tutti, con la conoscenza delle nostre realtà, belle e anche purtroppo non belle.
Mio speciale amico Cristiano persona fondamentale per la elaborazione del documentário.
Mie care amiche per sempre Suor Ires e Suor Assunta, le quali mi hanno accolta in casa loro; Felice e Ezio sempre disponibili per aiutarmi con il computer e in altre difficoltà. Miei dolci amici Giuseppe e Bruno.
Tutti i miei professori carissimi, alcuni di più, altri un pò di meno. Ma per non fare diventare troppo lungo questo elenco di calabresi che hanno reso indimenticabili i giorni e indelebili gli avvenimenti vissuti lì, mi fermo qui con molta, ma molta nostalgia.
Devo dire che presto comincerò la traduzione del libro “Luogo dei Luoghi” del mio professore e particolare amico Francesco idotta.
Avevo davanti alla mia finestra l’Etna e il mare durante la giornata e di notte avevo la luna che veniva a curiosare la mia intimità.
Avevo il tramonto splendido quando la giornata cedeva posto, pian piano, alla notte e al luccicare delle stelle.
Avevo anche Messina coraggiosa, che si è ripresa a malapena , dopo tante scosse , dai terremoti e maremoti,l’ultimo, che l’ha annientata, nel 1908. Messina che alle volte si nasconde timorosa, come sospesa tra la nebbia del fenomeno chiamato “Fata Morgana”.

Tanta nostalgia che mi chiama per tornare presto.
Devo parlare un po più della Sicilia, di Palermo. Un popolo particolarmente cortese; persone sempre disponibili a chiacchierare un po’, che ti spiegano a lungo qualcosa che tu domandi.
Agrigento e la sua magnificenza greca, terra di Pirandello, la cui casa è ancora lì che ci aspetta . Taormina , puro sogno e incanto. Cefalù!!!!!!!!!!!!!!
Altro incanto: le piantagioni di agrumi, che fanno della Sicilia un grande tappeto giallo profumato di uno dei più dolci profumi. La nostalgia che ci comunicano le case abbandonate a causa della miseria, delle false prospettive e dell’ imprevidenza politica.

Però la prossima volta devo andare a conoscere la terra dei miei antenati. Terra che hanno lasciato, nel lontano 1875, assieme a migliaia di altri, i miei bisnonni Alessandro e Lucia, e qui si sono affaciati alla nostalgia, al lavoro sodo, alla solitudine, alla giungla, alle malattie e a tutti i tipi di privazioni che non possiamo immaginare, nel vecchio e buon Rio Grande del Sud, più specificamente “Linha 11”, oggi “ Serafina Correa”.
Nel mio prossimo ritorno in Italia andrei a Bergamo e a Brescia per accertarmi delle mie origini. Non quelle biologiche, queste già le conosco. Però quelle certezze che vengono dal cuore e sono dettate da un non so cosa di inenarrabile. Solo così avrò la certezza delle mie origini cosmiche , quelle che trascendono la certezza biológica e contraddicono la logica: l’amore e l’accoglienza incondizionata del “mio diverso”
Reggio Calabria, sicuramente ti tornerò a vedere. Ci andrò sicuramente. Se ce l’ho il sangue calabrese o no, non importa. Importa l’amore e l’accoglienza che ho trovato lì.
Voglio sedermi davanti al tuo mare e guardare il sole tramontante dietro l’Etna, in un giorno d’estate.
Aspettami!!!!!!

Lucia Terezinha Sonaglio
Nata il 27 gennaio 1948
Figlia di Pasqual Sonaglio e Ines Bocchi Sonaglio
Nella piccola città di Ponte Serrada, provincia di Santa Catarina, al sud.
Figlia e nipote di contadini.
Abito a Curitiba, provincia di Paraná.
Insegnante di lingue.